quinta-feira, dezembro 18, 2008

Ao seu dia, cada um


Me afastei para enxergar melhor.
Como uma lupa ao contrário.
Contra a ordem normal das coisas.
Vejo, assim, que aquilo em que acreditava, nunca existiu.
Meto os pés pelas mãos
E faço com isso um jogo de brincadeiras.
De nós, eu.
As palavras me fogem.
Está tudo indo pro seu lugar.
Aos poucos, com calma.
Mas em frente.
Pulo as poças do caminho.
Me sinto feliz.
Respiro.


domingo, dezembro 14, 2008

A filha da antiga lei



Deus não me dá sossego.
É meu aguilhão.
Morde meu calcanhar como serpente,
faz-se verbo, carne, caco de vidro,
pedra contra a qual sangra a minha cabeça.
Eu não tenho descanso neste amor.
Eu não posso dormir sob a luz do Seu olho que me fixa.
Quero de novo o ventre de minha mãe,
sua mão espalmada contra o umbigo estufado,
me escondendo de Deus.

-Adélia Prado-

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Desabafo


É triste saber que, apesar de todos os sinais, existam pessoas que não conseguem enxergar o que de fato acontece na vida.
É amargo saber que fiz parte disso um dia.
Causa nojo e raiva saber que um dia convivi com pessoas tão mesquinhas espiritualmente.
Que enxergam os sentimentos desfocados, embaralhados, emaranhados.
Sem caráter, podres, desprezíveis.
Irresponsáveis com os afetos.
Vivem de aparência e só.

"Olhem meus filhos! Eu sou um ótimo pai!"

Aff...

Não digo mais nada.
Vou cuidar de meus bezerros
pois leite tenho de sobra.

quinta-feira, novembro 20, 2008

O que me importa?

O que me importa agora
É seguir meu caminho torto.
Enterrar as palavras mortas.
Enxugar lágrimas postas.

O que realmente me interessa
No momento
É que o tempo cuide da sua sina.
O dia amanheça com sol a pino.
E o mesmo se entregue ao descanso no fim.

Que hajam luas cheias
Sóis quentes
Chuvas torrenciais
Ventos arrebatadores.

Que a sorte esteja do meu lado.
Que eu me sinta bem.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Peço perdão pra descansar...


Num sono vago e profundo
Sigo o sinal de Morfeu ou não.
Desintegro-me e volto às raízes.
Me perco diante da vastidão e do emaranhado de conclusões.
Quero dormir durante um tempo bom e suficiente.
Quero me ver livre dessa confusão, por ora.
Amanhã é outro dia.
Preciso descansar.

terça-feira, outubro 21, 2008

Palavras de Cartola


Amanhã
A tristeza vai transformar-se em alegria,
E o sol vai brilhar no céu de um novo dia,
Vamos sair pelas ruas, pelas ruas da cidade,
Peito aberto,
Cara ao sol da felicidade.
E no canto de amor assim,
Sempre vão surgir em mim, novas fantasias,
Sinto vibrando no ar,
E sei que não é vã, a cor da esperança,
A esperança do amanhã.
PAZ! Porque CHEGA de tanta violência!

quinta-feira, outubro 16, 2008

O que não tem fim


Dentre tantas coisas finitas
Uma há que não se acaba.
Aquela coisa que mata a gente
Que destrói e não sobra mais nada.
A não ser um cansaço imenso
De uma vida tantas vezes carregada
Há um vazio preenchido por um lamento
Contornado por uma voz quase engasgada.
Esse soneto é só pra aliviar um pouco a dor
De quem tantas vezes tentou disso se livrar.
Se é um soneto isso, tampouco sei.
Sei que a dor é grande e não vou suportar.
Tanto faz o que pensem, pensam ou vão pensar.
Aquela estrada está vazia mas pronta pro meu caminhar.
Onde me levará não sei e procuro não imaginar.
Aqui é que não dá mais pra ficar.
Sei agora que isso jamais será um soneto
É apenas a bandeira da paz
Da trégua que peço
Do som do meu berro.
Dos meus passos firmes.
Da minha força nas mãos.
Do choro na minha cara.
Mas da fé que trago aqui dentro.
Dos traumas dispertos.
Traumas que, como um gigante adormecido, acordou.
Uma merda.
Mas agora vou-me embora pra Parságada
Pois lá, DEVO ser amiga do Rei.
Lá todo mundo é igual.
Todo mundo é REI.
As rimas se perderam agora.
Como se perderam de mim todas as coisas em que eu acreditei.
Me iludi.
Só me resta caminhar pra bem longe
E levar os melhores comigo.
E o que me mata deixar bem pra trás
Vou...
Caminhando e cantando.


terça-feira, outubro 14, 2008

Num táxi na zona Sul...


Nem sempre é fácil. Viagem. Estresses. Medos. Decepção. Tristeza. Cansaço. Lágrimas. Desânimo. Amigos. Cerveja. Música. Dança. Risadas. Gargalhadas. Um pouco do vício. Recaída. Caída. Medo. Independência. Atitude. Sozinha. Destino final.

E no meio de todas essas coisas, num dia só acontecendo, eu me virei pra todos os lados e vi que não tinha ninguém além de mim.
Não posso contar com ninguém.
Amores tantos. E, mesmo assim, estou só nisso.
Expectativas criadas sempre com frustrações no fim.
Erros que, infelizmente, não são aprendidos.
Aprendizagem forçada.
É agora ou nunca.
Cansei de ser boazinha.
Cansei de ser a que sempre se importa.
A que sempre procura.
Que me achem.
Ou não me achem!
Sumam daqui!
Se for pra não ligar, nem venham!
Pelo menos comigo eu sei me virar...
E no início da manhã
Um taxista nordestino ouve meus lamentos.
E ainda ganho pela corrida...


É nas grandes cidades que as pessoas se tornam pequenas.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Ando meio cansada


Onde tudo que antes, era vago
Agora está tudo tão real.
Finjo que não percebi o que agora meus sentidos vêem.
Mas fugir de si mesmo não é uma boa decisão.
Ando meio cansada
Pois tudo fica fácil e difícil
Enquanto eu caminho na direção do desconhecido de mim e de todos.
Me cansa ver que os dias se repetem
E que a cada novo dia
O conteúdo é velho
É igual
Me sinto cansada
Pois na ânsia de começar de novo
Eu acabo dando alguns passinhos
pra trás
E, assim
Caindo e levantando
Minha caminhada se torna cansativa
A cada novo dia.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Martha é de Morte


Saudade é não saber.
Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber.
Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Reflexo


Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro.
Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.
Nietzsche

segunda-feira, setembro 22, 2008

Presságio


Num sonho nublado
A imagem do esperado.
Será de verdade?Será?
Nele, foi real.
Eu senti.
Está perto.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Totalmente novo


Nem sempre o que está escondido por trás da fechadura
quando a gente olha, nos agrada.
Ás vezes, há um sentimento enterrado
Ou um por nascer.
Mas damos as costas...
é um gesto simples e inútil.
Se arrasta ao nosso lado tudo aquilo que já não nos pertence.
Que não nos acolhe.
Há quem diga que o que passa, passa.
Eu digo que fica.
Transformado sim.
Que seja.
Porém mais brilhante e enigmático.
São lições de um tempo.
Aprendidas.
Apreendidas.
Virando a cabeça
Me encontro de novo.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Percebi


De tanto insistir
Persistir e
Investir...
Desisti.
A faca, de tanto levar porrada,
Se virou contra mim.
Num ímpeto,
Me lancei de volta
Os gumes estavam intactos.
Mas só a minha mão sangrava.

domingo, setembro 14, 2008

Presente



Me largo.
No lago ao lado do seu.
Não possuo fontes nem rios.
Não vejo paisagens nem mensagens.
Não creio em mim nem em ti.
Sou o que quiser que seja.
Sou o que quero ser.
E sempre serei.
Mesmo que seus olhos me condenem.
Mesmo que sua boca me devore.
Mesmo que suas mãos tentem, em vão, me agarrar.
Sou o que sempre quis ser.
Apesar das limitações.
Das imitações.
Distorções.
Acho que me achei
Sem ter me procurado.
Te dou um recado:
Agora me deixe.
Eu sou.

terça-feira, setembro 02, 2008

É


No meu mundo mudo e desnudo
Tento de tudo para deixar de ser sempre nulo.
Apesar dos abismos escuros e escusos
Os espasmos não são mais sonoros que soluços.
As garras agarram a rocha crua e dura
Mas os braços se dilaceram num abraço escasso.
Eternidade...

sexta-feira, agosto 29, 2008

Amor,oras!

Faca oxidada contra a polpa verde,
é roxo o amor.
De amoras, não.
De dor.
Adélia Prado



"Não quero faca, nem queijo. Quero a fome"

domingo, agosto 24, 2008

Os olhos


E cansado
deito sobre a terra macia
meu olhar que não se desvia.
Mas devia.

terça-feira, agosto 19, 2008

Ha ha ha


E hoje começa o melhor
programa de
humor do Brasil

domingo, agosto 17, 2008

(Muda)nça


A casa, antes invisível, agora é enorme.
Muitos saltos. Muitos passos.
Da porta da frente até o porão, algumas lágrimas são deixadas no piso já um pouco gasto, porém firme.
A música agora toca de manhã.
Por dentro continua um pouco frio, um pouco quente.
As palavras são ditas.
Os olhares são desviados.
O coração já não bate mais em perfeita harmonia.
Harmoniosamente ele se separa, se parte, se quebra.
Os cacos?
Guardo.
Comigo.
Um dia, quem sabe, servirão pra alguma coisa.
Ou pra coisa alguma.
Agora eu respiro melhor.
Eu sinto o ar.
Não digo que não me entristeço.
Sim.
Estou triste.
Mas estou aliviada.
Não há mudança sem um pouco de dor.
Mas as passadas são largas e são firmes.
Está tudo do jeito de sempre.
Só que o pensamento mudou.
Falo pra o novo.
Estou muda para o que não me faz melhor neste mundo.
Agora eu sei disso.

domingo, agosto 10, 2008

Descanso


Quando eu for,
um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
Mário Quintana

A inata prepotência


E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando a vidas dos insetos...

sexta-feira, agosto 01, 2008

Deixe



Amor, então,também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Leminski



Temos de nos tornar a mudança que queremos ver no mundo.

quarta-feira, julho 30, 2008

Percepção


É que tudo aqui me parece meio vago
E eu divago.

domingo, julho 27, 2008

Houve um tempo



Houve um lapso
Um colapso
De instante.
Saudosos momentos
de acalento
e desencanto.
E eu canto,
pois meus
enganos
não me
deixam voltar.



As raízes estão cravadas, mas os pés estão soltos e prontos para a caminhada.

sábado, julho 26, 2008

O vôo


Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos são pássaros engaiolados,
sentimentos são pássaros em vôo.
Mário Quintana

sexta-feira, julho 25, 2008

Ao amor da minha vida



O amor da minha vida eu encontrei, tem nome, é de carne e osso, e me ama também. Agora falta encontrar alguém com quem possa me relacionar. É que o homem da minha vida não cabe em mim e eu não caibo nele. Não basta que a gente se queira há muitos anos. Não basta nossos namoros longos, os rompimentos e a teimosia de desejar mais daquilo que não há de ser. Não presta que ele me visite pra acabar com as saudades e fuja correndo de pernas bambas e um bumbo no peito. Não importa que eu esqueça meu nome depois, nem que me perca num oco, ou que os sentimentos corram de ambos os lados, intensos e desarvorados. Não basta que haja amor para se viver um amor. Eu e ele somos as cruzadas da idade média, o Osama e o Tio Sam, o preto e o branco da apartheid, o falcão e o lobo, o Feitiço de Áquila. Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca. Tenho fascínio pelo plutão que ele habita, e ele vive intrigado por minha vênus, mas quando eu falo vem, ele entende vai. Enquanto ele avista o mar eu olho pra montanha. Quando um se sente em paz o outro quer a guerra. É preciso me traduzir a cada centímetro do caminho enquanto ele explica que eu também não entendi nada. Discordamos sobre o tempo, o tamanho das ondas, a cor da cadeira. O desacerto é de lascar, e não há cama que resista a tantas reconciliações - um dia a cama cai.
Maitê Proença

porque o texto caiu como uma luva, assim como a cama da Maitê e de tantas outras

quinta-feira, julho 24, 2008

É preciso continuar


Me viro e vejo o que deixei pra trás.
Sonhos, gostos, amigos e um pouco mais.
Corro de ré pra tentar resgatar aquilo que perdi no meio do caminho.
Algumas estão gastas, outras em decomposição.
Mas não descartáveis.
Era assim antes, será assim agora.
Vou me libertar da dominação de clichês que sempre foi minha vida.
Se perguntarem por que estou triste, não sei responder.
Não sinto mais nada além de alívio e medo.
Mas um medo bom, que me faz ser forte.
Há o amor, que é bonito, mas não foi o bastante.
Lá fora o sol brilha como se fosse o último dia.
O último de hoje, o primeiro de amanhã e outros.
As palavras serão comedidas.
Os olhares, fechados.
Vou acreditar.
Tenho.
Mas há algo em mim que foi quebrado e os cacos ficaram espalhados pelo chão.
Como "ele"...
Juntar dá tanto trabalho, que por fim, eu simplesmente ignoro e tento reconstruir qualquer coisa com o que restou.
O sorriso deles, a alegria deles, a vida.
Isso que me mantém.
De pé.

sexta-feira, julho 18, 2008

O dançarino


Eu vos digo:
Alguém precisa ter caos em si mesmo
Para dar luz a uma estrela dançante.
Nietzsche

quinta-feira, julho 17, 2008

"F"alavras

Férias

Fazenda
Família
Filhos
Festa
Fome
Fadiga
Fuga
Filme
Fotografia
Fantasmas
Futuro
Falta
Fim.

quarta-feira, julho 09, 2008

Dói tudo


"Ah, milhares de pessoas
não têm coragem
de pelo menos prolongar-se
um pouco mais nessa coisa
desconhecida que é sentir-se feliz,
e preferem a mediocridade."

sábado, julho 05, 2008

É lindo! É lindo! É lindo!


what are we coming to?
what are we gonna do?
blame it on the black star
blame it on the falling sky
blame it on the satellite that beams me home.
the troubled words of a troubled mind I try to understand
what is eating you.
I try to stay awake but its 58 hours since that I last
slept with you.
what are we coming to?
I just don't know anymore.
blame it on the black star
blame it on the falling sky
blame it on the satellite that beams me home.
I get on the train and I just stand about now that I don't
think of you.
I keep falling over I keep passing out when I see a face
like you.
what am I coming to?
I'm gonna melt down.
[ Black Star, Radiohead ]

quinta-feira, julho 03, 2008

Impressionista

"Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.

Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo".

domingo, junho 29, 2008

Ler Leminski


Escrevo.
E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

sábado, junho 28, 2008

Wonderland


...felizmente, atingiu o fundo sem se machucar.
Viu uma porta muito pequena e exclamou:
“Não poderei passar, esta porta é pequena demais!”
“Beba um gole desta bebida e você ficará pequenininha”,
disse-lhe um simpático ratinho.
Alice engoliu aquele líquido e tornou-se muito pequena.
Do outro lado da porta havia um jardim maravilhoso,
no qual as árvores e os cogumelos possuíam portas e janelas...

quinta-feira, junho 26, 2008

Interno(a)


Meu mundo se resume a palavras que me perfuram,
a canções que me comovem,
a paixões que já nem lembro,
a perguntas sem respostas,
a respostas que não me servem,
à constante perseguição do que ainda não sei.
Meu mundo se resume
ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim,
onde não me enxergo, mas me sinto.
Martha Medeiros

Olhares



olhar o mesmo olho

com outros olhos
em outro olhar

o mesmo olho
nos mesmos olhos

o olhar do outro
de olho

quarta-feira, junho 25, 2008

Towanda


..."Que minha solidão
me sirva de companhia.
Que eu tenha a coragem
de me enfrentar.
Que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo."
Clarice

segunda-feira, junho 23, 2008

Sem rumo


A menina quieta no silêncio da rua.
Tonta de tanta tentação,
Senta e pensa no então da sua vida gasta.
Á toa, ela entoa uma cantiga antiga.
E tenta, sem ânimo, erguer as cortinas de sua alma.
Mas se vai, sabendo que sua vida se esvai.
E chora, por não saber o que fazer.
Não há rumo. Há um rumor...







domingo, junho 22, 2008

vou voltar...


...a pintar meus quadros.

quarta-feira, junho 18, 2008

Ah...se fosse assim...


"A coisa mais injusta sobre a vida é como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo, ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante para poder aproveitar a sua aposentadoria. Aí curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Vai para o colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta para o útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando, e termina tudo num grande orgasmo. Não seria perfeito?"

Charles Chaplin

terça-feira, junho 17, 2008

3.1

Mulheres com mais de trinta

A medida que envelheço e convivo com outras, valorizo mais ainda as mulheres que estão acima dos 30. Elas não se importam com o que você pensa, mas se dispõem de coração se você tiver a intenção de conversar. Se ela não quer assistir ao jogo de futebol na tv, não fica à sua volta resmungando, pirraçando... vai fazer alguma coisa que queira fazer... E geralmente é alguma coisa bem mais interessante. Ela se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer. Elas definitivamente não ficam com quem não confiam. Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem. Você nunca precisa confessar seus pecados... elas sempre sabem...Ficam lindas quando usam batom vermelho. O mesmo não acontece com mulheres mais jovens... Por que será, heim?? Mulheres mais velhas são diretas e honestas. Elas te dirão na cara se você for um idiota, caso esteja agindo como um!Você nunca precisa se preocupar onde se encaixa na vida dela. Basta agir como homem e o resto deixe que ela faça... Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 anos!Infelizmente isto não é recíproco, pois para cada mulher com mais de 30 anos, estonteante, bonita, bem apanhada, sexy, e bem resolvida, existe um homem com mais de 30, careca, pançudo em bermudões amarelos, bancando o bobo para uma garota de 19 anos... Senhoras, eu peço desculpas por eles: não sabem o que fazem! Para todos os homens que dizem: 'Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?', aqui está a novidade para vocês: hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento e sabem por quê? Porque "as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça!". Nada mais justo!
Arnaldo Jabor

segunda-feira, junho 16, 2008

Somos de Mercúrio!!!

Esse ano, no dia 13 de Junho, fernando Pessoa comemoraria 120 anos de existência. O poeta do existencialismo! Não poderia esquecer daquele que sempre foi (e será) meu poeta preferido,pelas palavras na hora certa e por me entender como nem eu mesma consigo.

Pessoa e seus outros Eus sempre andaram comigo de mãos dadas.Poeta pra todas as horas.Poeta de cabeceira, de alma, de momentos de solidão.De repousos nas pedras de São Thomé, em divertidos saraus, onde ríamos e chorávamos muito.

Sua Pessoa é minha Pessoa. Muito mais que um poeta pra mim.






"Segue o teu destino...
Rega as tuas plantas;
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra de árvores alheias"

sábado, junho 14, 2008

Inferno astral completamente contraditório


31 anos de vida
de lida
lição aprendida
e dividida.


3 dias de espera
na casa velha
com a fera
de pelagem amarela.


No dia que chegar
não vou mais chorar
lamentar
o inferno findará.



"Semente serei
Não mais morrerei"




sexta-feira, junho 13, 2008

O dia (sexta) 13


Meu dia :
A máquina enguiçou, a água acabou, o saco encheu (nos dois sentidos!),Golda embirrou, Li "engripou" e o filme melou.
Não assisti ao Jornal Nacional, pois não quero me "alimentar"mal (como dizem os yogues). Quero saúde! Física, mental e astral também.
De noite um macaco que mais parecia o Bira (do Jô), ou o Biry (pra quem conhece).
E a "Bússola de Ouro" não indicou caminho algum,perdendo, por hora, seu valor e encanto.
Uma música? Só se for DeVotchka, que é bom em qualquer tempo e lugar. Até mesmo numa sexta-feira 13.
A macarronada tava boa. O queijo e o beijo também.
Dormir ouvindo mais música, depois da meia-noite é bom. A criança dorme, o nenén sorri sem parar. A mãe está exausta, porém, feliz.
Queria que a máquina voltasse a funcionar, que a água voltasse a jorrar (ou pelo menos, pingar),que o saco esvaziasse (os dois!),Golda se alegrasse, Li melhorasse e o filme rodasse.
Mas na realidade, queria mesmo que esse dia acabasse.



"Olga entra na água com algo.
Serão algas? Serão águas-vivas?
Por que Olga não se empOLGA"?

quinta-feira, junho 12, 2008

Es möchte mit mir umwerben?

Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.
-Neruda-

quarta-feira, junho 11, 2008

Uma rosa perfeita

Dele só ganhei até hoje uma flor
E tão terna, com um coração à espreita
Pura, púrpura, tendo do orvalho o odor
Uma rosa perfeita.

Já conheço a linguagem do buquê
"Nestas frágeis folhas, meu coração se estreita"
E imagino perfeitamente em quê:
Numa rosa perfeita.

Por que é que nunca me dão
uma limusine perfeita, acaso você suspeita?
Ah, não, o meu destino é ganhar sempre
Uma rosa perfeita.


Dorothy Parker

terça-feira, junho 10, 2008

Guiada pelo xamanismo

Não preciso de escoras nem de corrimãos.
Sei quem sou.
Estou sozinho num universo hostil e aprendi a dizer:
que seja!

domingo, junho 08, 2008

♪ ♫♫ ♪♪

Stereophonics



I've been down and I'm wondering why
These little black clouds
keep walking around with me, with me
Waste time and I'd rather be high
Think I'll walk me outside
and buy a rainbow smile but be free,
they're all free
So maybe tomorrow
I'll find my way home

Clara Clarice



E ninguém é eu....e ninguém é você

Essa é a solidão




sexta-feira, junho 06, 2008

O excluído


"Ei boneca! Feliz neneca dingue-dongue dilo!
Dingue-dongue! Não delongue! Largue logo aquilo!
Tom Bom, jovial Tom,
Tom Bombadillo.



Ei! Tom Bombadillo, Tom Bombadil!
Na mata ou na colina ou junto à margem do rio
no fogo, ao sol e à lua ouve agora nossa voz!
Vem Tom Bombadil que no aperto estamos sós!"

quinta-feira, junho 05, 2008

Homenagem desesperada ao Dia do meio ambiente

Essa carta é linda e todos deveriam ler!

Tive conhecimento dela aos 14 anos de idade, e desde então nunca mais fui a mesma...acho que quem tem coração, quando lê a mensagem, muda um pouquinho que seja.

Logo abaixo está a mesma, na íntegra.
É lindo!!!









Carta do Cacique Seattle ao presidente dos EUA, em 1853

"O QUE OCORRER COM A TERRA, RECAIRÁ SOBRE OS FILHOS DA TERRA...."



"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs: o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimenta nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite?
Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o arque respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Poio que ocorre com os animais breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia; nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente. Iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens e a visão dos morros obstruída por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência."