quinta-feira, dezembro 18, 2008

Ao seu dia, cada um


Me afastei para enxergar melhor.
Como uma lupa ao contrário.
Contra a ordem normal das coisas.
Vejo, assim, que aquilo em que acreditava, nunca existiu.
Meto os pés pelas mãos
E faço com isso um jogo de brincadeiras.
De nós, eu.
As palavras me fogem.
Está tudo indo pro seu lugar.
Aos poucos, com calma.
Mas em frente.
Pulo as poças do caminho.
Me sinto feliz.
Respiro.


domingo, dezembro 14, 2008

A filha da antiga lei



Deus não me dá sossego.
É meu aguilhão.
Morde meu calcanhar como serpente,
faz-se verbo, carne, caco de vidro,
pedra contra a qual sangra a minha cabeça.
Eu não tenho descanso neste amor.
Eu não posso dormir sob a luz do Seu olho que me fixa.
Quero de novo o ventre de minha mãe,
sua mão espalmada contra o umbigo estufado,
me escondendo de Deus.

-Adélia Prado-

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Desabafo


É triste saber que, apesar de todos os sinais, existam pessoas que não conseguem enxergar o que de fato acontece na vida.
É amargo saber que fiz parte disso um dia.
Causa nojo e raiva saber que um dia convivi com pessoas tão mesquinhas espiritualmente.
Que enxergam os sentimentos desfocados, embaralhados, emaranhados.
Sem caráter, podres, desprezíveis.
Irresponsáveis com os afetos.
Vivem de aparência e só.

"Olhem meus filhos! Eu sou um ótimo pai!"

Aff...

Não digo mais nada.
Vou cuidar de meus bezerros
pois leite tenho de sobra.