quinta-feira, abril 23, 2009

Da dor


E tudo dói.
dói mesmo sem querer.
sem pensar.
sem ligar.
tudo dói.
tudo dá dor.
é o momento
da lagarta.

domingo, abril 19, 2009

Duo


Impressionantemente dualística. Inegavelmente corporística. Holisticamente convicta. Instantaneamente diluída. Emocionalmente elitista. Transcendentalmente hipocondríaca. Fatalmente desdita. Honestamente impessoal.

terça-feira, março 31, 2009

e é isso




por enquanto
só indo
sorrindo
solando
saltando
sabendo
cagando e andando.

domingo, março 01, 2009

Dissipando as nuvens

O mal tempo se vai
devagar ainda
mas indo.
Enquanto isso
As nuvens vão abrindo espaço
e o céu azul e claro
vai se fazendo mais nítido
algumas coisas encobertas
aparecem
e eu tomo conhecimento
real dos fatos
me deixam tristes
muito.
mas é sinal
de que o tempo está se abrindo pra mim
bom ou mal
o que passou
passou
e o que deixa ser visto e conhecido
agora não faz nenhuma diferença
porque eu sou agora
meu próprio céu.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

High Definition


Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua.


Martha Medeiros

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Não vim passear!

No final das contas, eu que penso estar em desvantagem, quando páro e olho com mais calma e atentamente, percebo que as melhores coisas estão junto de mim e fazendo parte dos meus dias, que ultimamente têm sido tão cansativos. Os melhores sorrisos, as melhores gargalhadas, as descobertas juvenis e infantis, as gracinhas tão doces e até as birras estressantes, no final das contas eu vou sentir saudades delas também, um dia. Enquanto alguns curtem a vida, e demonstram terem vindo a passeio, eu luto com todas as minhas armas pra viver bem e pra que as pessoas que eu amo, e pelas quais sou responsável, possam viver bem também, mesmo em meio ao caos que vivo no momento.
Não estou aqui a passeio.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

sendo otimista

A chuva cai numa hora boa.Eu penso em tudo que deixei pra trás.Em todas as decisões que tomei e tenho tomado ultimamente, e, embora esteja com um medo aqui dentro, um medo de ver qual será o resultado de todas essas decisões tomadas, eu estou feliz, porque fiz o que achava certo fazer.O futuro que imagino pode ser que nunca virá.O passado ( graças a Deus!) deixei mesmo pra lá.O presente é o que importa agora.Sinto saudades, muita mesmo, do que poderia ter sido e não foi.Mas a estrada está aí pra gente caminhar.E pra frente.Aprendi muito, e ainda continuo aprendendo.Errei muito e sei que vou errar mais.Seria muita hipocrisia da minha parte dizer que não me arrependo de nada.Me arrependo sim.E de muito.Mas não há muito o que fazer.Não lamento por isso.Só fico triste.Porque uma pequena dose de tristeza também faz bem.Em doses homeopáticas, claro.Ninguém quer ser infeliz.Eu não quero.Mas ela me faz cair na real, ás vezes. Fernando Pessoa que o diga!Porque eu sou muito lá em cima.Sinto falta da minha infância,que foi péssima, mas sinto falta do que eu poderia ter feito de mim e não tive coragem nem incentivo.Mas tudo está bem quando acaba bem, já dizia alguém que não sei quem, mas...ainda não acabou e nem está tudo bem, mas vai ficar
quero me energizar com os cristais da Mi.Quero desabafar, pois aqui dentro faz mal.Quero brincar com meus filhos e conversar com meus amigos.Quero minha mãe sempre por perto como minha amiga do peito ( como sempre foi).Quero poder perdoar meu pai pela minha infância trágica ( ainda não consegui isso!).Quero ser feliz nas pequenas coisas.Estou meio sem rumo, meio desnorteada de mim.Mas vou me achar no mundo.Vou erguer a cabeça e continuar em frente.Mesmo estando bem ferida
e sabendo que ainda vou me ferir muito mais.Eu sei que vai dar tudo certo.


Foto: meus pés. porque eles que sabem pra onde devo ir.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Ao seu dia, cada um


Me afastei para enxergar melhor.
Como uma lupa ao contrário.
Contra a ordem normal das coisas.
Vejo, assim, que aquilo em que acreditava, nunca existiu.
Meto os pés pelas mãos
E faço com isso um jogo de brincadeiras.
De nós, eu.
As palavras me fogem.
Está tudo indo pro seu lugar.
Aos poucos, com calma.
Mas em frente.
Pulo as poças do caminho.
Me sinto feliz.
Respiro.


domingo, dezembro 14, 2008

A filha da antiga lei



Deus não me dá sossego.
É meu aguilhão.
Morde meu calcanhar como serpente,
faz-se verbo, carne, caco de vidro,
pedra contra a qual sangra a minha cabeça.
Eu não tenho descanso neste amor.
Eu não posso dormir sob a luz do Seu olho que me fixa.
Quero de novo o ventre de minha mãe,
sua mão espalmada contra o umbigo estufado,
me escondendo de Deus.

-Adélia Prado-

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Desabafo


É triste saber que, apesar de todos os sinais, existam pessoas que não conseguem enxergar o que de fato acontece na vida.
É amargo saber que fiz parte disso um dia.
Causa nojo e raiva saber que um dia convivi com pessoas tão mesquinhas espiritualmente.
Que enxergam os sentimentos desfocados, embaralhados, emaranhados.
Sem caráter, podres, desprezíveis.
Irresponsáveis com os afetos.
Vivem de aparência e só.

"Olhem meus filhos! Eu sou um ótimo pai!"

Aff...

Não digo mais nada.
Vou cuidar de meus bezerros
pois leite tenho de sobra.

quinta-feira, novembro 20, 2008

O que me importa?

O que me importa agora
É seguir meu caminho torto.
Enterrar as palavras mortas.
Enxugar lágrimas postas.

O que realmente me interessa
No momento
É que o tempo cuide da sua sina.
O dia amanheça com sol a pino.
E o mesmo se entregue ao descanso no fim.

Que hajam luas cheias
Sóis quentes
Chuvas torrenciais
Ventos arrebatadores.

Que a sorte esteja do meu lado.
Que eu me sinta bem.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Peço perdão pra descansar...


Num sono vago e profundo
Sigo o sinal de Morfeu ou não.
Desintegro-me e volto às raízes.
Me perco diante da vastidão e do emaranhado de conclusões.
Quero dormir durante um tempo bom e suficiente.
Quero me ver livre dessa confusão, por ora.
Amanhã é outro dia.
Preciso descansar.

terça-feira, outubro 21, 2008

Palavras de Cartola


Amanhã
A tristeza vai transformar-se em alegria,
E o sol vai brilhar no céu de um novo dia,
Vamos sair pelas ruas, pelas ruas da cidade,
Peito aberto,
Cara ao sol da felicidade.
E no canto de amor assim,
Sempre vão surgir em mim, novas fantasias,
Sinto vibrando no ar,
E sei que não é vã, a cor da esperança,
A esperança do amanhã.
PAZ! Porque CHEGA de tanta violência!

quinta-feira, outubro 16, 2008

O que não tem fim


Dentre tantas coisas finitas
Uma há que não se acaba.
Aquela coisa que mata a gente
Que destrói e não sobra mais nada.
A não ser um cansaço imenso
De uma vida tantas vezes carregada
Há um vazio preenchido por um lamento
Contornado por uma voz quase engasgada.
Esse soneto é só pra aliviar um pouco a dor
De quem tantas vezes tentou disso se livrar.
Se é um soneto isso, tampouco sei.
Sei que a dor é grande e não vou suportar.
Tanto faz o que pensem, pensam ou vão pensar.
Aquela estrada está vazia mas pronta pro meu caminhar.
Onde me levará não sei e procuro não imaginar.
Aqui é que não dá mais pra ficar.
Sei agora que isso jamais será um soneto
É apenas a bandeira da paz
Da trégua que peço
Do som do meu berro.
Dos meus passos firmes.
Da minha força nas mãos.
Do choro na minha cara.
Mas da fé que trago aqui dentro.
Dos traumas dispertos.
Traumas que, como um gigante adormecido, acordou.
Uma merda.
Mas agora vou-me embora pra Parságada
Pois lá, DEVO ser amiga do Rei.
Lá todo mundo é igual.
Todo mundo é REI.
As rimas se perderam agora.
Como se perderam de mim todas as coisas em que eu acreditei.
Me iludi.
Só me resta caminhar pra bem longe
E levar os melhores comigo.
E o que me mata deixar bem pra trás
Vou...
Caminhando e cantando.


terça-feira, outubro 14, 2008

Num táxi na zona Sul...


Nem sempre é fácil. Viagem. Estresses. Medos. Decepção. Tristeza. Cansaço. Lágrimas. Desânimo. Amigos. Cerveja. Música. Dança. Risadas. Gargalhadas. Um pouco do vício. Recaída. Caída. Medo. Independência. Atitude. Sozinha. Destino final.

E no meio de todas essas coisas, num dia só acontecendo, eu me virei pra todos os lados e vi que não tinha ninguém além de mim.
Não posso contar com ninguém.
Amores tantos. E, mesmo assim, estou só nisso.
Expectativas criadas sempre com frustrações no fim.
Erros que, infelizmente, não são aprendidos.
Aprendizagem forçada.
É agora ou nunca.
Cansei de ser boazinha.
Cansei de ser a que sempre se importa.
A que sempre procura.
Que me achem.
Ou não me achem!
Sumam daqui!
Se for pra não ligar, nem venham!
Pelo menos comigo eu sei me virar...
E no início da manhã
Um taxista nordestino ouve meus lamentos.
E ainda ganho pela corrida...


É nas grandes cidades que as pessoas se tornam pequenas.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Ando meio cansada


Onde tudo que antes, era vago
Agora está tudo tão real.
Finjo que não percebi o que agora meus sentidos vêem.
Mas fugir de si mesmo não é uma boa decisão.
Ando meio cansada
Pois tudo fica fácil e difícil
Enquanto eu caminho na direção do desconhecido de mim e de todos.
Me cansa ver que os dias se repetem
E que a cada novo dia
O conteúdo é velho
É igual
Me sinto cansada
Pois na ânsia de começar de novo
Eu acabo dando alguns passinhos
pra trás
E, assim
Caindo e levantando
Minha caminhada se torna cansativa
A cada novo dia.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Martha é de Morte


Saudade é não saber.
Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber.
Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Reflexo


Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro.
Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.
Nietzsche

segunda-feira, setembro 22, 2008

Presságio


Num sonho nublado
A imagem do esperado.
Será de verdade?Será?
Nele, foi real.
Eu senti.
Está perto.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Totalmente novo


Nem sempre o que está escondido por trás da fechadura
quando a gente olha, nos agrada.
Ás vezes, há um sentimento enterrado
Ou um por nascer.
Mas damos as costas...
é um gesto simples e inútil.
Se arrasta ao nosso lado tudo aquilo que já não nos pertence.
Que não nos acolhe.
Há quem diga que o que passa, passa.
Eu digo que fica.
Transformado sim.
Que seja.
Porém mais brilhante e enigmático.
São lições de um tempo.
Aprendidas.
Apreendidas.
Virando a cabeça
Me encontro de novo.