sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Saudosa Loroca

Em cima da pedra, embaixo de um disco voador, ríamos e nos deliciávamos com Luís Fernando e suas crônicas fantásticas.
Naquele momento, não tínhamos noção do futuro e nem medo dele.
Passava um disco voador acima de nossas cabeças e íamos ao seu encontro, sem nos importar com as pessoas céticas nas ruas de pedras de São Tomé das "Pedras".
Inventávamos músicas e melodias já inventadas.
Comíamos brigadeiro e bebíamos vinho, ou o que o dinheiro desse pra comprar.
Tava tudo em paz sempre. E ás vezes chorávamos, pois uma canceriana metade leonina e uma geminiana com ascendente em câncer não são fáceis.
A vida não era fácil. Mas era boa. Como era.
Líamos seus poemas, lindos poemas! E eu os guardava dentro de mim, como os tenho até hoje.
Líamos os meus poemas também. Esses nunca foram lindos!Deixemos os poemas pra você e os palcos pra mim...rs.
Nunca fui muito boa com palavras. Você escreve, eu interpreto.
Que saudade de nossa amizade sincera, bela, louca, infantil...
Até hoje sinto, ás vezes, o cheiro dela. Nossa amizade tem cheiro. E que cheiro bom!
Cheiro de mapa astral, de ki-suco de uva, de RPG, de one bigs, de poemas, de lágrimas á toa e lágrimas nem tão á toa assim, de galinheiro, de cachoeira, acampamento, de Santo Inácio e irmã Teresa, de surtos psicóticos, paranóias paranóicas, de gargalhadas intermináveis, de moinhos de vento, de Fernando Pessoa, de Veríssimo,de mitologia grega, egípcia, de pôr do sol, de chuva, de caminhão, de olhos azuis.
Foi maravilhoso tudo que passamos juntas, amiga.
E é ainda.
Mesmo distante, estaremos sempre por perto. Eu sei disso.
Amo você pra toda a vida e além.
Me lembro de um poema de Mário Quintana, Poema do amigo:


"Estranhamente esverdeado e fosfóreo,
Que de vezes já o encontrei, em escusos bares submarinos,
O meu calado cúmplice!

Teríamos assassinado juntos a mesma datilógrafa?Encerráramos um anjo do Senhor nalgum escuro calabouço?Éramos necrófilos
Ou poetas?

E aquele segredo sentava-se ali entre nós todo o tempo,
Como um convidado de máscara.
E nós bebíamos lentamente a ver se recordávamos...
E através das vidraças olhávamos os peixes maravilhosos e terríveis cujas complicadas formas eram tão difíceis de
compreender como os nomes com que os catalogara
Marcus Gregorovius na sua monumental Fauna Abyssalis."

[e você, trate de lembrar a senha do seu blog pra eu poder ler seus poemas, frô! Vê se pode! Tsc tsc.]


0 comentários :