sexta-feira, janeiro 22, 2010

reflexoes sem pontuacao

Nem tudo se parece comigo
por isso eu me abrigo
nos seus meios e cabelos
nao me importo sde nao tenho acentos
tenho um teclado capenga
e uma cabeca cheia de ideias....
se voce nao concorda comigo
entao ja era
agora eu to aqui contigo
e meu destino so deus sabe....
vou acabar de beber e sair pra distrair...
por hoje e so....

2 comentários :

  1. Anônimo disse...

    Nos últimos dias tenho percebido uma exacerbação por parte da imprensa referente à publicação de notícias classificadas como “policias”. No gênero destas inclui-se desde já o caso do homem que matou a sua mulher com sete tiros em BH, o caso do homem que depois de espancar sua mulher a trancafiou dentro de um frezzer até sua morte, e a mais badalada de todas, a saber, o terremoto que matou um número elevado de haitianos. As pessoas que me conhecem um pouco sabem o tanto que estas notícias me deixam triste, chegando até em certos casos a tirar lágrimas de meus belos olhos castanhos. Tanto é verdade que diariamente eu assisto o programa do senhor Datena com um belo balde de pipocas acompanhada de um copo de 500 ml de refrigerante.
    Ora, como se explica este fenômeno? Por que, ultimamente, corremos diariamente ao televisor em busca de notícias que se intitulam como trágicas? E como se explica esta nossa frieza diante do sofrimento do outro? Ou ainda como se explica a nossa aparente e “sincera” revolta?
    Ao ler uma entrevista de Stuart Hall, transcrita no livro “Da diáspora” de autoria do próprio Hall, encontrei uma frase que é capaz de nos responder satisfatoriamente todos estes questionamentos.
    Aí vai a frase: “As notícias não são violentas, ao contrário, elas apenas falam da e sobre a violência.”

  2. Anônimo disse...

    Nesta simples frase de S. Hall está todo o mistério; mistério este que será desvendado daqui a poucas linhas. Antes, lanço mão do meu autor preferido, Nelson Rodrigues, para afirmar que quando falamos coisas óbvias elas tendem a ser recebidas como engraçadas. Então meu caro leitor a sua risada já é esperada por mim e dessa forma não me magoará e muito menos depreciará o meu texto. Riem a vontade das linhas que se seguem... “até porque só os gênios são capazes de enxergar o óbvio”
    Ao afirmar que as notícias não são violentas somos levados a provar se isto é verdade ou não. O passo metodológico para tal descoberta é simples. Imagine a seguinte situação: ao assistirmos uma notícia sobre um assassinato nós por acaso somos assassinados? Ou ainda, algum tiro nos acerta de raspão? Lógico que não. Dessa forma, fica evidente que não sofremos violência alguma, apesar de a notícia ser sobre violência. Ficamos imunes em nossos confortáveis sofás.
    Passemos para a segunda parte da frase: “(...) as notícias apenas falam da e sobre a violência.”. Essa parte nem precisa de comprovação, ela é muito verídica. Falar aos berros e repetidamente sobre um homem que congela sua própria mulher e em seguida tecer alguns comentários críticos sobre o fato é o que estes apresentadores (Datena, Marcelo Resende, e uma legião de similares) mais fazem. Engraçado, sempre pensei que a regra primeira do jornalismo fosse a imparcialidade.... deixa para lá, voltemos à reflexão.
    Isolemos tais comentários críticos. Geralmente eles são direcionados ao governo, aos prefeitos de onde as notícias surgem, ao vereadores, e pasmem, até mesmo para o presidente. É exatamente sobre e a partir destes comentários que se torna possível localizar as respostas para as perguntas expostas no início deste texto. Resumindo: estamos em busca de uma explicação para o fato de sentirmos prazer ou indiferença diante de tais notícias.
    Levantemos uma hipótese, por sinal a mais óbvia e a mais corrente no senso comum, a saber, são tão numerosas e constantes a aparição de tais notícias que nós nos acostumamos. Eu sou o primeiro a afirmar que esta hipótese está longe de me contemplar.
    O que me contempla vem agora e merece estar expresso em um parágrafo isolado deste texto.

    Ultimamente somos impotente diante do mundo que nós mesmo criamos. Quando sofremos uma injustiça ou violência somos obrigados a delegar a outrem nossa indignação (aos advogados); deixo claro que quem tem o melhor advogado e mais dinheiro sempre vence. Quando contratamos um serviço e adiante não estamos mais satisfeitos e desejamos cancelar o que acontece? Conversamos com uma máquina que sempre nos vence. Estas máquinas que esbanjam simpatia estão presentes agora em bancos e similares não é? Resumindo, ao presenciarmos e escutarmos diarimanete e atentamente tais revoltas de tais apresentadores contra o governo e contra os políticos sentimos um prazer, uma espécie de anestesia contra a dor de nossa impotência, uma vez que não somos capaz de reclamar por nós mesmos. Estamos sempre delegando a outrem nossas reivindicações. Aí está localizado o motivo pelo qual gostamos de assistir tais programas. Não estamos acostumados com a violência, este argumento é fraco, destrói-se frente a primeira análise detalhada. Pensamos que estamos nos solidarizando com a desgraça haitiana, mas na verdade estamos nos anestesiando de nossa impotência frente aos incipientes gritos de tais apresentadores. O grito deles é na verdade o nosso pacato e confortável silêncio.

    Não é isso caro leitor? Boa estadia frente à TV para vocês.
    Abraços, Renan Figueiredo